Desperdícios
Visualizar os números da fome é constrangedor para qualquer um que
consegue comer bem todos os dias. Cerca de 900 milhões de pessoas estão em
estado de subnutrição!
Duplamente constrangedor é observar os números do desperdício. Li
que só no Brasil o desperdício acumulado desde a colheita, transporte, armazenamento
e comércio, chega a 11 milhões de toneladas de alimento por ano.
No entanto, ouvir a óbvia conclusão dos estudiosos e palestrantes
de Fóruns Sociais de que a maior culpa do desperdício está na ganância e corrupção
ultrapassa a linha do mero constrangimento.
Na Bíblia, em João 12, lemos que Judas Iscariotes, o discípulo que
traiu Jesus, encheu a boca em um discurso para criticar o desperdício. Acontece
que Maria de Betânia derramou sobre Jesus um frasco de perfume valiosíssimo. O
valor do bálsamo era correspondente a um ano inteiro de trabalho. Judas então
disse que seria conveniente ter vendido, pego o dinheiro e ter ajudado os pobres.
Mas na verdade ele, que era o tesoureiro do grupo, pegava o dinheiro para si. O
curioso é que mesmo no grupo de Jesus a corrupção já acontecia. Não somente a
corrupção, mas também os discursos hipócritas.
Será que também censuraríamos a mulher? Talvez sim. No entanto,
Jesus a defende e elogia. Diz o Mestre que aquele perfume não era desperdício,
pois era para perfumar o seu corpo que logo seria morto.
Se Jesus está no centro de nossas ações, nada é desperdício, por
outro lado “o amor ao dinheiro é a raiz de todo mal (1º Timóteo 6.10).”
Judas criticou a atitude da mulher, enquanto em uma relação
econômica, planejava entregar Jesus por trinta moedas de prata. Logo, logo
esqueceu os pobres. Dessa vez o esquecimento não foi devido a ganância, mas
devido ao desespero jogou as moedas aos pés dos sacerdotes.
Judas acusou a mulher de desperdício enquanto ele mesmo
desperdiçava a vida eterna. Que, ao contrário de Judas, administremos tudo, não
com a esperteza desse mundo, mas com a sabedoria do Céu, que nos faz
privilegiar os valores eternos e sentir fome de justiça.
Jesus, aquele que não poupou nem mesmo o seu sangue para resgatar
a humanidade, promete: “Bem aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque
serão saciados” (Mateus 5.6).
O amor que Deus oferece em Jesus, não pode
ser desperdiçado!
Rev. Ismar L. Pinz — Pelotas-RS —
pastor da Igreja Evangélica Luterana do Brasil.
Tenham todos uma
ótima sexta.
Fiquem com Deus.
Diego Elias Neumann.
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