segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Esperando prudentemente com fé a vinda de Cristo (Mt 25.1-13)

Tema: Esperando prudentemente com fé a vinda de Cristo - Mt 25.1-13: A parábola das dez moças.

Nos últimos dias temos acompanhado muitas notícias sobre o fim do mundo. Muitas pessoas querendo adivinhar a data que o mundo acabará. Os maias calculam que o fim do mundo está marcado para o dia 21 de dezembro do ano que vem. Já há até mesmo pregadores evangélicos, que tentam prever qual será o dia do julgamento. O pastor Harold Camping, pertencente a uma rede religiosa chamada Family Network, disse que a segunda vinda de Cristo, o dia do juízo, seria no dia 21 do mês passado (outubro).

Porém o próprio Jesus disse: “Mas ninguém sabe o dia nem a hora em que tudo isto vai acontecer, nem os anjos do céu, nem o Filho, mas somente o Pai.” (Mc 13.32) Também em 2 Pe 3.10 lemos que o “Dia do Senhor chegará como um ladrão”. Ou seja, a segunda vinda do Senhor, será em um dia desconhecido pelo homem, num dia que talvez a gente menos espera.

Por isso Jesus diz: “Portanto, fiquem vigiando porque vocês não sabem qual será o dia e a hora.” Jesus no evangelho de hoje nos ajuda a prepararmo-nos para este dia. A parábola das dez moças nos ilustra e incentiva a estarmos sempre alertas e vigilantes, esperando prudentemente com fé a sua segunda vinda.

O texto do Evangelho de hoje é uma parábola de Jesus que fala de um tempo de espera. Jesus para falar desta espera, usa a ilustração de dez moças que estão a espera do noivo, para a festa de casamento.

E uma das primeiras coisas que chama a nossa atenção no texto, é que existe diferença entre o esperar.

Jesus apresenta de um lado, as moças sem juízo, tolas, não preparadas para esperar, e de outro, as moças ajuizadas, prudentes, que estão preparadas para esperar até o momento em que o noivo chegar.

Sem dúvida Jesus está se referindo à espera do povo para o dia de sua volta. É a espera para a festa da eternidade.

Olhando para os dois modelos de espera na parábola, lembramos que nem todas as pessoas esperam o Salvador Jesus de maneira correta. Nem sempre as pessoas estão com as lâmpadas acesas, e com o azeite necessário.

Mas em que consiste o esperar corretamente? É esperar prudentemente de modo que as nossas lâmpadas não se apaguem. É ter o azeite necessário para esperar firmemente até quando o noivo chegar.

A parábola fala de cinco moças prudentes que esperaram corretamente, elas se preocuparam em levar um suprimento de azeite, pois provavelmente conhecedoras dos costumes da época, podiam prever que o noivo iria tardar, ou seja, demorasse bastante. Isto era algo bastante normal naquela época.

Na época de Cristo, o costume era o noivo ir na casa da noiva para buscá-la e levá-la para a sua casa. Acontecia uma procissão, pois amigos do noivo e amigas da noiva os acompanhavam. Esta procissão era noturna. Isto explica a questão das lâmpadas.

Assim, de certa forma, podemos comparar as lâmpadas como sendo a nossa fé no Salvador Jesus. Enquanto a fé em Jesus estiver acesa em nós, estamos preparados. Através da fé recebemos os méritos que Cristo nos conquistou na cruz. A salvação assim é um dom que Deus concede na sua bondade e misericórdia a todos os que creem em Jesus como Filho de Deus e Salvador, ou seja, não rejeitam a ação do Espírito Santo nos seus corações.

A fé não é algo mágico, mas um dom e como qualquer dom, se não for bem cuidado, ela pode ser perdida. Mas Deus, na sua bondade, providenciou para que isto não acontecesse, ou seja, Ele mesmo deu o necessário para que a fé seja fortalecida e fortificada.

Então, assim como as lâmpadas, a fé também precisa ser constantemente abastecida pelo azeite espiritual.

Qual é esse azeite espiritual? É o que próprio Deus nos oferece. A saber, a sua Santa Palavra e os Sacramentos.

Deus providenciou para que a humanidade tivesse a sua Palavra escrita. Providenciou também pessoas com capacidades para que traduzissem a Palavra para que todos os povos tivessem acesso a mensagem salvadora. A pregação da Palavra é um dos meios para fortalecer a nossa frágil fé.

Mas lembremos que o ensino da palavra de Deus não ocorre somente nos cultos, mas também nos estudos bíblicos, onde podemos diretamente tirar nossas dúvidas a respeito do Evangelho, da salvação e de muitos outros assuntos que dizem respeito a nossa fé. Não percamos esta excelente oportunidade de crescermos na fé e também na comunhão com nossos irmãos.

Junto com o ouvir da Palavra, está outro presente de Deus para todos os crentes: o Sacramento do Altar. Jesus instituiu a Santa Ceia para que os cristãos pudessem fortificar e fortalecer a sua fé, tanto que Lutero assim fala da Santa Ceia: “mas verdadeiramente digno e bem preparado é aquele que tem fé nestas palavras: “Dado e derramado em favor de vós para remissão dos pecados”.

A Santa Ceia é para os crentes. É um meio que Deus nos deu para estarmos preparados para o encontro derradeiro ou para a segunda vinda de Cristo. Portanto desprezá-la ou ficar adiando a participação também é não levar a sério a preparação para o encontro com Cristo, o Juiz dos vivos e mortos.

Com este preparo: o ouvir da Palavra através dos cultos, dos estudos bíblicos, a participação no Sacramento do Altar, o cristão vive o seu dia-a-dia tranquilamente. Não há o que temer, pois como as cinco moças ajuizadas, têm a sua vasilha cheias de azeite. Deus deixou estes meios para nós usarmos, pois Ele nos quer junto de si por toda a eternidade.

Estar preparado é desta maneira ter toda a atenção voltada para o nosso relacionamento com Cristo. Ele é o noivo, que pode estar tardando a vir, mas a vinda é algo seguro e certo e, como Jesus ilustra na parábola das dez moças, somente os que estiverem preparados para este momento entrarão para a festa eterna junto de Deus.

Com este azeite espiritual Deus faz com que nós esperemos prudentemente o nosso Salvador. Com este azeite que o próprio Deus oferece temos a certeza de que seremos recebidos por Cristo nas bodas.

E que bom que é assim. Nós não temos em nós qualquer tipo de azeite que possa produzir a chama da fé. Somos por natureza completamente néscios e despreparados para esperar o dia em que o noivo Jesus voltar. Lutero diz: “não posso por minha própria razão ou força crer em Jesus nem vir a Ele”.

O ser humano em sua natureza não gosta de esperar, é como as moças desajuizadas, que talvez mesmo sabendo que teriam de esperar não se prepararam. Queriam que o noivo viesse logo.

O ser humano não gosta de esperar, por exemplo: se o ônibus que pega diariamente se atrasa por alguns minutos ou se o trânsito está congestionado você ouve reclamação por tudo que é lado. A espera parece que se torna angustiante.

Por isso talvez que muitos tentam prever a data do fim do mundo. Estão cansados de esperar, ou talvez já perderam a esperança, vivem uma vida que podemos dizer “infeliz”. Uma vida sem Deus, sem a certeza da salvação e da vida eterna. Uma vida que já não tem mais a luz de suas lâmpadas acesas, ou seja, está é uma vida na escuridão.

Por isso, esperar com as lâmpadas acesas é o grande alerta de nosso texto. Que bom que Deus nos dá essa condição e oferece o necessário, através dos meios da graça.

Jesus enfatizou muito a questão de esperar prudentemente, tanto que temos vários outros textos que se relacionam com o assunto. A parábola do servo vigilante de Lucas 12.35ss, Mt 24, que também enfatiza o estar vigilante e preparado. Os muitos exemplos mostram a seriedade do assunto. É a alma de muitas pessoas que está em jogo.

O versículo 12 do evangelho de hoje nos diz qual será a atitude de Cristo para com as pessoas que não permanecem vigilantes, negligenciam a fé e pouco se preparam para o encontro com Ele, confiando assim em doutrinas humanas: “Eu afirmo a vocês que isto é verdade: eu não sei quem são vocês”. São palavras duras, mas que Cristo dirá a todos aqueles que não levam a sério os seus ensinamentos e que pouco se preocupam em crescer na fé, fazendo pouco caso dos meios da graça, o azeite espiritual.

Isso acontece quando muitas vezes achamos que só o culto é necessário. E algumas dessas pessoas ainda continuam a frequentar os bancos da Igreja, a virem aos cultos, a participar todas as vezes que há alguma celebração. Mas elas vivem apenas um culto simbólico, de aparência, a exemplo do que acontecia com o Povo de Israel relatado no livro de Amós. Estão dentro da Igreja apenas para dizerem que participam de um grupo na sociedade, e assim serem bem vistos perante as outras pessoas. É simplesmente um jogo de interesse para se beneficiar.

O apóstolo Paulo também alerta para a necessidade de vigilância quando escreve aos tessalonicenses: “Por isso não vamos ficar dormindo, como os outros, mas vamos estar acordados e em nosso perfeito juízo.” (1 Ts 5.6)

E assim como o apóstolo, nós também podemos anunciar essa necessidade de vigilância e ao mesmo tempo mostrar o que as pessoas precisam para serem recebidas por Cristo nas bodas eternas.

Jesus não nos disse o dia, nem a hora em que voltará, mas apenas nos disse para que ficássemos vigilantes e constantemente preparados.

As pessoas vivem em um momento de espera. Cada um tem as suas necessidades particulares. Alguns esperam que os dias melhorem, que a sua família vá bem, que tenham saúde, dinheiro, felicidade, trabalho.

A maior espera de todos os cristãos é que o noivo Jesus volte logo e que Ele os encontre vigilantes.

Conta-se uma história de um garoto chamado Antônio: Antônio jogou seus tênis no canto. Seu rosto mostrava uma expressão de desespero e tristeza. Acontece que a mãe de Antônio estava longe de casa num hospital especial, em busca de cura para uma doença grave.

As últimas notícias que Antônio havia recebido de sua mãe diziam ela estava melhor de saúde, mas ainda poderia demorar uns quatro ou cinco meses para voltar para casa. Como Antônio poderia esperar ainda tanto tempo? O que poderia fazer para que o tempo passasse mais depressa?

Em casa, o irmão mais velho de Antônio havia preparado um lanche gostoso e uma bonita surpresa. Junto ao prato do lanche, havia uma carta. Antônio reconheceu logo que era uma carta da sua mãe. Leu a carta rapidamente e repetiu a leitura mais uma vez com calma.

Nos dias seguintes, Antônio voltava a ler a carta sempre de novo. Gostou das notícias da mãe. Ela esperava que Antônio se dedicasse aos estudos com muito esforço.

Antônio teve uma ideia. Estudaria mais do que nunca. Quando a mãe voltasse para casa, ele poderia mostrar-lhe os bons resultados obtidos na escola. A mãe ficaria contente! Antônio ficou mais animado, sabendo que estaria se ocupando com uma atividade que traria alegria à sua mãe.

Jesus prometeu voltar à terra um dia. Não sabemos quando isso acontecerá. Parece muito para a gente esperar por certos acontecimentos. As vezes ficamos desanimados com o tempo de espera e nos esquecemos que Jesus nos deixou coisas importantes para fazer enquanto esperamos.

Assim como Antônio lia a carta da sua mãe todos os dias, nós podemos ler a carta de Deus, a Bíblia. Ela nos conforta, fortalece a esperança e nos dá certeza que Jesus nos ama e nos segura em seus braços.

Que Deus Espírito Santo nos ajude para que esperemos prudentemente o nosso Salvador, mantendo as lâmpadas acesas e vigiando constantemente. Amém

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