Transfiguração do Senhor / Último Domingo após Epifania - A
19 de Fevereiro de 2012
Texto Base: Mt 17.1-9
Tema: Em Cristo o céu está aberto para nós
1. Introdução: Testemunhas são importantes em muitos
casos. Quando homem e mulher se casam, precisa de testemunhas. No Batismo, as
testemunhas também são requeridas. Quando acontece um acidente no trânsito ou
um crime, as testemunhas podem ser peças-chave para se chegar à conclusão dos
casos.
2. Desenvolvimento:
2.1. Ver Jesus e sua glória
a) No texto do evangelho de hoje, Jesus chamou três dos seus
discípulos para serem testemunhas de algo importante. A crucificação de Jesus
estava se aproximando e os três discípulos seriam preparados para este
acontecimento, pois seriam testemunhas de Jesus.
O que aconteceu naquele monte não foi uma visão sobrenatural, mas
de fato eles viram Jesus mudar de aparência, ser transfigurado. Suas vestes
ficaram brancas, mais do que qualquer alvejante poderia deixar e o rosto de
Jesus ficou brilhante como o sol. Jesus não estava recebendo luz e brilho, mas
isso tudo era dEle próprio, sinais da sua santidade.
Assim como no texto do Antigo Testamento, a nuvem aparece aqui
como sinal da presença de Deus. A voz que veio da nuvem, afirmou: “Este é meu
filho querido, que me dá muita alegria. Ouçam o que Ele diz.” (v.5)
b) As testemunhas foram importantes nessa ocasião, não somente os
três discípulos, mas a presença de Moisés e Elias que serviu para testemunhar
que o Antigo Testamento apontava para esse Jesus que estava ali: Ele é o Salvador
prometido.
Moisés era o representante da Lei, pois foi com ele que Deus
conversou no meio da nuvem, no monte Sinai, para dar as duas tábuas contendo os
Dez Mandamentos. Elias é representante dos profetas, cujas mensagens apontavam
para a promessa da salvação.
Isso quer dizer que Cristo é o centro de toda a pregação desde os
tempos antigos. Deus quis mostrar que a Lei e os Profetas estavam apontando
para o mesmo Jesus, o salvador da humanidade. Por isso, Deus afirmou:
“Este é meu Filho querido, que me dá muita alegria. Escutem o que
Ele diz.” (Mt 17) Pedro, Tiago e João não sabiam direito o porquê dessa visão,
mas depois da ressurreição de Jesus, tudo seria compreendido.
c) A visão e o sentimento antecipado de se estar no céu, na
presença de Jesus, Moisés e Elias eram tão bons que Pedro disse: Como é bom
estarmos aqui, Senhor! Se o senhor quiser, eu armarei três barracas neste
lugar: uma para o senhor, outra para Moisés e outra para Elias. (Mt 17.4) Os
discípulos foram testemunhas e o desejo era de morar ali mesmo.
2.2. Ouvir Jesus na Palavra
a) Amados, Deus faz uso dos nossos sentidos para mostrar o seu
plano salvador. Os discípulos viram, conversaram com Jesus e ouviram a voz de
Deus: “Escutem o que Ele diz.” (v.4b) Vale ressaltar a importância de colocarmos
nossos sentidos em submissão a Deus.
Nossos olhos precisam ver Deus. Nossos ouvidos precisam escutar o
que Ele diz. Nossa boca precisa falar a respeito. Mas, onde podemos ver a Deus
senão nos Sacramentos? Nossos olhos precisam focar além dos olhos físicos,
precisam aprofundar para os olhos espirituais, os olhos da fé para que de fato,
possamos ver e compreender como Deus age no Batismo e na Santa Ceia.
Onde escutar Jesus senão na Palavra? Temos Palavra nos cultos, nos
estudos em grupos, cursos e nas devoções em casa.
Meus irmãos e irmãs, em Cristo o céu é aberto para nós. Não
podemos deixar de ver, de escutar e de falar do que temos visto e ouvido, pois
somos testemunhas disso.
b) Nessa ocasião em que Jesus foi transfigurado, vemos que Deus
foca Cristo como o centro da fé e da salvação, a imagem da santidade divina.
Este é meu Filho querido!
O ser humano busca meios próprios de estar em paz com Deus.
Fazemos coisas para tentar agradar a Deus, como Pedro: Como é bom estarmos
aqui, Senhor! Se senhor quiser, eu armarei três barracas neste lugar: uma para
o senhor, outra para Moisés e outra para Elias. (Mt 17.4) Tentamos buscar a
aprovação de Deus pela nossa aparente bondade e obediência aos mandamentos.
A presença de Moisés naquele momento em que Jesus foi
transfigurado, prova que a Lei de Deus aponta para a solução em Cristo, não na
bondade humana ou no cumprimento da Lei. Tanto que Deus interrompeu a fala de
Pedro para dizer: “Este é meu Filho querido, que me dá muita alegria. Escutem o
que Ele diz.” (Mt 17)
Existe o perigo de acreditarmos em profecias e ensinamentos que
não estão de acordo com a vontade de Deus. Orientam ações aparentemente alegres
e descentes, mas que conduzem direto ao inferno. Deus quer manter nossos olhos
e ouvidos espirituais atentos.
Vejam que, após terem ouvido Deus dizer: “Este é meu Filho
querido, que me dá muita alegria. Escutem o que Ele diz.” Os discípulos ficaram
com tanto medo, que se ajoelharam e encostaram o rosto no chão. Jesus veio,
tocou neles e disse: — Levantem-se e não tenham medo! Então eles olharam em
volta e não viram ninguém, a não ser Jesus. (v.6-8)
Diante da nossa cegueira espiritual e fraqueza, só Jesus permanece
porque Ele é o centro, o foco, o próprio Salvador. Jesus permanece porque Ele
vem ao encontro do pecador caído e com medo, para tocar com seu perdão e dizer:
Levante-se e não tenha medo!
c) Em Cristo, o céu permanece aberto para nós e temos acesso ao
seu perdão. O céu fechado é a maior desgraça, pois a pessoa fica sozinha, à
mercê de satanás que como um leão que ruge, procura alguém para devorar. (1Pe
5.8) Mas o Bom Pastor Jesus mantém o céu aberto para que Deus olhe para nós e
diga: Tu és o meu filho querido! Tu és a minha filha querida!
3. Conclusão: Servir Jesus no Reino
É importante lembrar que acima de toda e qualquer testemunha está
a Palavra de Deus. Ela é, por assim dizer, a testemunha das testemunhas, pois
nela está escrito a vontade de Deus, cujo centro é Cristo. “Este é meu Filho
querido, que me dá muita alegria. Escutem o que Ele diz.” (v.5) O mesmo
apóstolo Pedro disse na epístola de hoje: Vocês fazem bem em prestar atenção nessa
mensagem. (2Pe 1.19)
Como é bom estarmos aqui, Senhor! – podemos acompanhar essas
palavras de Pedro. No Batismo, na Palavra e na Santa Ceia, estamos próximos a
Jesus e do seu perdão. Na Igreja, nos cultos, temos a oportunidade de estar,
antecipadamente no céu, na presença do nosso Salvador Jesus.
Não precisamos subir um monte para estar mais perto de Deus. Jesus
subiu o monte chamado Calvário para lá ser crucificado e morto em nosso lugar,
a fim de que fôssemos feitos filhos de Deus, mediante a fé nEle. Importa que
inclinemos nossos olhos um pouquinho para observar que na cruz, Jesus abriu o
céu para nós. Por isso, Deus afirmou: “Este é meu filho querido, que me dá
muita alegria.” (v.5) A alegria de Deus é porque Jesus garantiu a nossa
salvação.
Mas é importante que desçamos o monte com Jesus para testemunhar
nossa fé. É bom estarmos na presença de Jesus, melhor é agir em nome de Jesus,
para que o céu aberto seja visto pelas pessoas. Para que reconheçam Cristo como
Salvador e ouçam o que Ele diz na Palavra. E assim, outros poderão juntar-se
conosco no exército de testemunhas que proclamam o céu aberto por meio de
Jesus.
Assim, permaneceremos em Cristo e ouviremos constantemente a
afirmação de Deus: “Este é meu filho querido, que me dá muita alegria.” Alegria
pelo perdão e a salvação testemunhados por nós. Amém.
Rev. Jacson Junior Ollmann — Florianópolis-SC, pastor da Igreja
Evangélica Luterana do Brasil.
Tenham todos uma ótima terça-feira.
Fiquem com Deus.
Diego Elias Neumann.
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