“A Palavra se tornou um ser humano e morou entre nós cheio de amor e de verdade. E nós vimos a revelação da natureza divina, natureza que ele recebeu como Filho único do Pai.” (v. 14)
Estimados leitores, hoje é uma data muito especial. Hoje é Natal. Mas o que celebramos mesmo no Natal? Qual é o real motivo de tanta festa? Dos presentes? Da ceia com os amigos e familiares? O que estamos mesmo celebrando?
Essas perguntas quando feitas em nosso meio cristão até que são corretamente respondidas. Até mesmo quando feitas em outros lugares (meios) muitas pessoas também respondem corretamente, mas será que elas sabem realmente o significado disto?
“Mas o que comemoramos mesmo no Natal?” Essa pergunta é corretamente respondida por muita gente: “Comemoramos a vinda, o nascimento de Jesus Cristo.” Porém a maioria das pessoas não sabe por que Jesus Cristo tinha que nascer de uma mulher e assim se tornar um ser humano como nós. Ou seja, de que adianta saber que Jesus nasceu no Natal, mas não saber a real importância da vinda de Jesus?
Lutero disse certa vez: "Que benefício seria isso para mim se Cristo tivesse nascido mil vezes, e fosse cantado diariamente em meus ouvidos da maneira mais adorável, se eu nunca tivesse ouvido que ele nasceu para mim e era meu Salvador pessoal?"
Jesus Cristo, verdadeiro Deus, vem ao mundo na forma de homem. É Deus tornando-se gente. Vem com uma missão sublime, mas revestida de grande responsabilidade e amor: buscar e salvar o que está perdido. No Natal, celebramos o nascimento de Jesus Cristo em nossos corações. Esse é o verdadeiro Natal, o Deus que se tornou um ser humano e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade.
O filósofo dinamarquês Sören Kierkegaard certa vez tentou descrever a encarnação de Deus em Cristo através desta história ilustrativa simples:
Um certo rei era muito rico. O seu poder era conhecido em todo o mundo. Mas ele era muito infeliz, porque não possuía uma esposa. Sem uma rainha, o imenso palácio ficava vazio.
Um dia, enquanto cavalgava pelas ruas de uma pequena aldeia, viu uma menina camponesa muito bonita. Tão adorável lhe pareceu ela que o coração do rei se apaixonou à primeira vista. Por isso, a quis mais que qualquer coisa que já tinha desejado. Nos dias subsequentes, ele passaria em frente à casa dela apenas na esperança de avistá-la outra vez.
O rei começou a fazer planos para conquistar o amor dela. Ele pensou: eu prepararei um decreto real e exigirei que ela seja trazida a mim para se tornar a rainha de minha terra. Mas, pensando melhor, ele percebeu que, sendo ela uma súdita, se sentiria forçada a obedecer. Assim, ele nunca poderia estar certo de que tinha conquistado o amor dela.
Então, ele disse a si mesmo: "Eu vou chamá-la pessoalmente. Vestirei o meu melhor traje real, usarei meus anéis de diamante, minha espada prateada, minhas reluzentes botas pretas e minha túnica mais colorida. Farei com que caia aos meus pés e se torne minha noiva". Mas, ponderando nestas coisas, chegou à conclusão que, se fizesse isso, nunca saberia se ela realmente tinha se casado com ele por amor ou por causa do poder e das riquezas que ele lhe poderia dar.
Então, ele decidiu vestir-se como um camponês, dirigir-se ao vilarejo, deixando, contudo, a sua carruagem fora de vista. Em disfarce, ele se aproximaria da casa dela. Mas, de alguma maneira a duplicidade deste plano não lhe agradou.
Afinal, ele decidiu o que fazer: Ele deixaria seu trono real. Ele iria para a aldeia e se tornaria um dos camponeses. Ele trabalharia e sofreria com eles. Ele se tornaria um camponês de fato. E foi isto que ele fez. Assim conquistou a sua esposa.
Assim agiu Deus. Considere como ele poderia ganhar a humanidade. Ele poderia ter usado sua força, seu poder, sua autoridade. Mas ele queria mais do que a nossa obediência - ele queria o nosso coração. Por isso, Deus, em Cristo, se tornou um de nós. Ele se vestiu de carne humana para morar entre nós.
Jesus Cristo, se fez igual a nós. Veio ao mundo para ganhar o homem para Deus. Veio nos libertar da culpa do pecado. Viveu uma vida perfeita, oferecendo a própria vida como pagamento pelos nossos pecados. Esta é a mensagem do Natal: “Hoje vos nasceu o Salvador!” E é na aceitação desta verdade que consiste a verdadeira alegria do Natal: O Salvador Jesus, nasceu para mim, nasceu para todos nós.
De nada valerá a alegria do nascimento de uma criança na estrebaria há mais de dois mil anos atrás; de nada valerá o lindo quadro dos pastores a vigiar os seus rebanhos; de nada valerá a visão dos anjos iluminando as campinas de Belém; de nada valerá o evento luxuoso dos reis magos ofertando ricos presentes, sem a certeza de que aquela criança na manjedoura de Belém é o Filho de Deus, nosso Salvador, que se fez homem para morar no meu e no seu coração.
O verdadeiro Natal é Jesus presente entre nós diariamente. Assim como o rei da história, que se fez de servo para conquistar a sua amada, assim também Jesus, vem até nós diariamente, nos servindo por meio da sua Palavra e dos santos sacramentos: Batismo e Santa Ceia, Deus se faz presente em nós. É Deus oferecendo graça, perdão, vida e salvação eterna.
Jesus, o verdadeiro Rei, vem ao nosso encontro para trazer a luz verdadeira que ilumina a todas as pessoas (v.9). Jesus Cristo veio ao mundo para brilhar em contraste com a escuridão que existe. Trouxe seu brilho a fim de brilhar na escuridão deste mundo. E mais, todos aqueles que o receberam são abençoados com o perdão amoroso de Deus: “Porque todos nós temos sido abençoados com as riquezas do seu amor, com bênçãos e mais bênçãos” (Jo 1.16). Esse é o amoroso resultado da vinda de Jesus Cristo ao mundo. Com isto, todos que reconhecem o Rei e Senhor Jesus são aceitos e bem vindos na família de Deus; são seus filhos adotados: “Porém alguns creram nele e o receberam, e as estes ele deu o direito de se tornarem filhos de Deus. Eles não se tornaram filhos de Deus pelos meios naturais, isto é, não nasceram como nascem os filhos de um pai humano; o próprio Deus é quem foi o Pai deles.” (Jo 1.12-13).
O Rei prometido, que se fez servo, veio para trazer a paz a todos os povos. Mas onde está a paz prometida? Desde o seu Natal, não cessam as guerras e a miséria no mundo é cada vez maior.
Jesus afirmou: “O meu reino não é deste mundo”(João 18.36). O reino de Deus não consiste em bens materiais, nem em dias felizes aqui na terra como muitos sonham, mas em perdão dos pecados, em paz com Deus e certeza da vida eterna. Jesus não veio para melhorar o mundo, mas salvá-lo. Jesus disse: “Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; não vo-la dou como a dá o mundo. Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize”(João 14.27). “No mundo passais por aflições; mas tende bom ânimo, eu venci o mundo”(João 16.33). Na caminhada da vida, Deus não abandona seus filhos. Jesus ampara os seus, seu Espírito consola e guia. Jesus disse: “Vinde a mim todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei” (Mateus 11.28).
Porém nesta época do Natal, também é muita correria pra lá e pra cá, que acabamos esquecendo de procurar descanso nos braços de Cristo. Muitas coisas hoje têm tomado o lugar de Cristo. O dinheiro é uma das principais. Casas de comércio vendem mensagens a respeito de Cristo em seus produtos e na maioria das vezes desconhecem o conteúdo das mensagens ali contidas. Lojas e Shoppings se utilizam do Natal para aumentarem seus lucros com as vendas, e se esquecem do principal motivo das comemorações.
Os meios de comunicação falam, cantam e relatam vários fatos sobre o Natal, mas raramente se lembram de Jesus e do verdadeiro motivo de se comemorar o Natal.
Comidas gostosas são oferecidas em banquetes, sem as pessoas se darem conta de que Jesus é o principal motivo dos festejos natalinos. No Natal, muitas vezes os presentes e o Papai Noel são mais lembrados que o próprio Jesus.
Queridos irmãos: Jesus hoje, tem lugar em nossos corações?
Que neste Natal Jesus se faça presente em nós. Vamos nos alegrar com a notícia do nascimento de Cristo em nossos corações. E assim, os que conhecem e aceitam Jesus Cristo como seu Senhor e Salvador, levem-no adiante para que mais pessoas possam receber os céus, a salvação eterna.
Que este Natal possa ser um Natal diferente, o Natal do verdadeiro Cristo, o Filho do Deus Vivo, que se tornou um ser humano. Um rei que se fez de servo, se humilhou e morreu numa cruz para conquistar as nossas vidas e os nossos corações.
Feliz Natal a todos!
Abraços, Diego Neumann.
“O melhor amigo é aquele com quem nos sentamos por longas horas, sem dizer uma palavra, e ao deixá-lo, temos a impressão de que foi a melhor conversa que já tivemos.”
Tenham todos uma ótima terça-feira, com a bênção de Deus.
Abraços, MIX.
Vale a pena esperar!
Creio que o estimado leitor soube desta notícia: Um homem ficou preso inocentemente durante 19 anos e morreu pouco tempo depois de saber que ia receber a segunda parte de uma indenização de R$ 2 milhões. O caso ocorreu em Recife (PE). A história foi classificada pelo Tribunal de Justiça como o erro judiciário mais grave da história do país.
O seu Mariano morreu no ultimo dia 22, aos 63 anos, depois de esperar 19 anos para ser libertado, e mais 13 anos para receber sua indenização. Quando sua espera chegou ao fim, teve um infarto.
Podemos dizer que, neste caso, não valeu a pena esperar. Quando o erro foi corrigido, seu Mariano já tinha tido tuberculose e desenvolvido um câncer na cadeia, além de ter ficado cego.
Nós geralmente não gostamos de esperar. Ficar numa fila nos deixa impacientes. Mas, como brasileiros, já nos acostumamos, ainda mais quando é por algo que vale a pena esperar.
Agora estamos esperando pelo Natal e o ano novo. Há muita correria, preparativos e muitas expectativas no ar. Como Igreja cristã, também esperamos, e esta espera tem um nome: Advento.
Advento quer dizer vinda e é um tempo celebrado entre quatro domingos – o primeiro no último dia 27, e o último em 18 de dezembro. E o que esperamos?
Esperamos a vinda de Cristo. Somos lembrados de sua primeira vinda, quando se cumpriu a promessa de Deus ao seu povo e também a José, quando um anjo lhe disse: “José, descendente de Davi, não tenha medo de receber Maria como sua esposa, pois ela está grávida pelo Espírito Santo. Ela terá um menino, e você porá nele o nome de Jesus, pois ele salvará o seu povo dos pecados deles.” (Mateus 1.20-21).
Cristo assumiu a forma humana para revelar ao mundo o amor salvador do Pai, conquistando na cruz Jesus o perdão dos pecados para todos os seres humanos, contrariando aqueles que esperavam que ele fosse um messias político e econômico.
O Advento também celebra o Cristo que ainda vem a nós. Cremos que na Palavra de Deus (a Bíblia) e nos Sacramentos (Batismo e Santa Ceia), Jesus continua vindo a nós, dando-nos seu Espírito e com ele a fé salvadora e a vida nova e eterna.
Outra ênfase do Advento é a segunda vinda de Cristo, quando, como diz o Credo, ele virá para julgar vivos e mortos e dirá aos salvos: “Venham e recebam o Reino que o meu Pai preparou para vocês desde a criação do mundo” (Mateus 25.34). Enquanto ele não vem, esperamos, crendo no seu sacrifício por nós e na sua presença em nossos corações e vidas.
Vale a pena esperar? Ao contrário do seu Mariano, que não pode usufruir de seu direito depois de tanta espera, nós temos a certeza de que, pela fé em Cristo, vamos usufruir das alegrias da vida eterna, onde “não haverá mais morte, nem tristeza, nem choro, nem dor” (Apocalipse 21.4). Com certeza, amigo leitor, vale a pena esperar!
Rev. Marcos Schmidt é pastor da Igreja Evangélica Luterana do Brasil em Novo Hamburgo-RS
Tenham todos uma ótima semana.
Fiquem com Deus.
MIX.
